Como se manter atualizado com o que acontece no mundo digital

Reproduzo abaixo a coluna do Henrique Leal, da Sun-MRM, publicada hoje no IDGNow!

Lidar com a avalanche de informações disponíveis hoje é um desafio e tanto. Pois, se de um lado temos de ler e acompanhar os veículos tradicionais de mídia, os especializados, por outro temos de ler os blogs e acompanhar todo o conteúdo colaborativo e eventos que acontecem em tempo real à nossa volta.

E se isso não bastasse, ainda temos de acompanhar – e interagir – com as nossas redes sociais e gerenciar todo o diálogo que acontece, tanto com pessoas próximas ou não – de alguma forma – e que estão ligadas a nós agora.

E isso é apenas para nos “mantermos atualizados”. Se pensarmos em como adquirimos conhecimento, em como aprendemos sobre o que acontece e o que está por vir, o buraco é muito mais embaixo. E isso sem falar em inovação. Porque, claro, para uma pessoa, uma empresa ou marca apresentar algo realmente novo, é preciso antes entender o que está acontecendo.

Gerenciamento de informações
Pensando em como facilitar o gerenciamento da quantidade de informações e dados que geramos simplesmente interagindo com a
web hoje em dia, foi criado um serviço chamado MyPoyozo.

Esse recurso registra e organiza todos os contatos e todas as interações e informações relevantes sobre um usuário. Mais do que arquivar as suas informações, no entanto, o MyPoyozo as organiza e as integra em tempo real com a sua agenda, facilitando assim a tarefa de encontrar e situar aquilo que realmente importa para você.

Os serviços de geolocalização – que muita gente conhece pelo Foursquare – são também mais uma fonte para mantermos ativa.

Contudo, as interações com esse tipo de serviço e rede social não servem apenas para nos entreter.

Serviços de geolocalização
Já existe uma infinidade de serviços e redes sociais baseados em geolocalização, com os mais diversos propósitos. Porém, muitos surgiram e estão aproveitando a tendência do mingling – que numa tradução livre poderia significar encontros – para oferecerem redes sociais voltadas para encontros/relacionamentos como o streetspark.com. Outras que você pode conferir são: urbansignals.net, loopt.com, friendsaround.com, plyce.com, e o Google Latitude.

E se tudo isso ainda não bastasse – ou seja, além estarmos em sintonia com o que está acontecendo –, temos de nos informar e
de estar atentos a quem está onde em tempo real… E cresce também uma outra tendência na web, o Life Caching.

Life Caching é o extremo da nossa necessidade e vontade de se expor. Se você acha que muita gente já exagera ao fazer do Facebook, Twitter, Orkut, etc. uma vitrine escancarada da própria vida, prepare-se.

Além de registrar a vida em um diário moderno – blogs – e informar a todos a sua localização em tempo real pelas redes de geolocalização, além de ter suas fotos, suas músicas e seus vídeos preferidos abertos em um ou em uma variedade de sites ou nas próprias redes, o que já tem muita gente fazendo é “registrar” e abrir a vida no seu dia a dia mais comum, quase como em um reality show.

Câmeras no pescoço
Mas é pior que isso, porque encher a casa de webcams e deixar rolando já é antigo. O que fazem agora é instalar câmeras subjetivas na cabeça ou pendurá-las no pescoço, e seguir a vida…

Não acredita? Bem, uma das tecnologias que permitiram esse comportamento foi a da SenseCam, desenvolvida pela Microsoft.

O que essa ferramenta permite e tem de diferente é acoplar uma infinidade de sensores a uma câmera fotográfica que permite
tirar fotos sozinha a partir de alguma alteração no ambiente: aproximação de pessoas, mudança de iluminação no ambiente, ruídos, etc. E essas câmeras vão penduradas no pescoço da pessoa. Uma das câmeras disponíveis no mercado com essa tecnologia é a Viconrevue.

O interessante é que essa tecnologia e essas câmeras já são utilizadas tanto por pesquisadores – antropólogos, sociólogos e até institutos de pesquisa – como por médicos e universidades. Eles passaram a utilizá-la para tratar pacientes em diversas disfunções e doenças que resultam em algum tipo de amnésia, perda de memória.

A SenseCam se tornou tão importante nessas áreas que já existe até um simpósio sobre o assunto – o evento está na segunda edição.

Vestir câmeras
Agora, além da SenseCam, considero mais impressionante a proposta da Looxcie, uma extraordinária câmera de vídeo acoplada a um headset Bluetooth. Isso mesmo, um headset para você poder vestir a câmera o tempo todo e não interferir nem mesmo enquanto você fala ao celular. Eles vendem a câmera com o propósito de você “capturar e compartilhar a vida enquanto a vive”.

Dá para imaginar, então, além de todas as conexões e atualizações, busca de informações e outras “obrigações” que a vida digital está nos impondo, termos de atualizar e compartilhar nossa vida integralmente?! E ainda assistirmos às vidas dos outros a partir dos olhos daqueles que as estão vivendo?!

Isso prova, para mim, que por mais que nos esforcemos para estar a par de tudo jamais conseguiremos fazer isso. O que dizer, então, sobre entender e aprender esses fenômenos, capturar todas essas tendências e estar à frente delas? Esqueça!

Até porque outro dia, quando dava uma palestra sobre mídias e redes sociais para uma audiência de pessoas nascidas depois dos anos 1990 – e os caras queriam que explicasse como usar o Facebook e o Twitter e falasse sobre o porquê das coisas serem assim – eu é que me perguntei: isso é a vida de vocês hoje… Vocês não conhecem outra forma de fazer uma pesquisa para a escola que não seja pelo Google… Vocês nunca fizeram trabalhos com colagem e papel almaço e nem devem saber o que era isso…

Até onde vai essa busca?
Então, como saber até onde devemos saber, o quanto atualizado estaremos, o quanto inovadores somos… Será que precisaremos
gastar rios de dinheiro comprando sempre os últimos gadgets, ter sempre a última geração do iPhone e o processador mais rápido da Intel?

As informações a nosso respeito, o que fazemos e aonde vamos podem dizer muito sobre a gente. Mas essas informações envelhecem rápido. O que vale é onde estamos agora, com quem estamos, o que fazemos… E até o que os nossos olhos capturam agora. O resto já é passado e é desinteressante.

Por isso, o Facebook já ultrapassou a audiência do Google nos EUA e o desafia na batalha pela verba dos anunciantes. Porque se o Google oferecia a relevância da busca, o Facebook oferece hoje a relevância do presente – a vantagem de saber quem está namorando, viajando, interagindo e fazendo o que naquele momento.

O que me conforta e me ajuda a lidar com essa velocidade é saber que o que aprendemos hoje pode não valer nada amanhã. Que devemos apenas observar e muitas vezes não querer e/ou não precisar entender as coisas, apenas aceitá-las e saber conviver com o presente.

O homem e o universo
Isso é mais ou menos o que Stephen Hawking, em seu novo livro – “The Great Design” – fala sobre a relação do homem com o Universo.

Ele diz que devemos abandonar o que aprendemos e o que pensávamos saber há menos de dez anos e aceitar que não conseguiremos compreender as coisas com a mesma lógica com que vemos o mundo. Não há como querer conhecer o Universo sem assumirmos as nossas limitações e aceitarmos que não haverá como saber tudo ou obter respostas para quase tudo o que buscamos saber.

É mais ou menos assim que devemos encarar e lidar com tantas mudanças no ambiente digital e no mundo moderno. Caso contrário,
corremos o risco de ficarmos ultrapassados pela simples ambição de pensar ser possível entender e acompanhar tudo o que a tecnologia transforma.

Sobre Fernando L G Guimaraes

Consultor, especialista em marketing de ativação e relacionamento
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